"Essa morte
constante das coisas é o que mais dói". (Caio Fernando Abreu)
Abstinência
Eu tenho abstinência dos traços que contornam a tua caligrafia. Eu tenho abstinência dos banhos de chuvas disfarçados de bênçãos, ou das espumas que entoavam o teu corpo debaixo do chuveiro. Eu tenho abstinência dos teus beijos de outono, no mês de novembro. Eu tenho abstinência da tua essência. Inalar a tua pretensão era a maior vaidade em mim. Eu tenho abstinência da estampa da tua pele. Eu tenho abstinência do teu sorriso; a tua melhor marquinha de nascença. Eu tenho abstinência das cocegas das pontas dos teus dedos revelando qualquer emoção em mim. Era o meu melhor disfarce. Eu tenho abstinência da tua doce inquietude. Eu tenho abstinência do teu coração frágil como de um passarinho. Eu tenho abstinência de todo festim e embaraços de sorrisos. Mas, a maior abstinência que eu tenho, é a felicidade que ria em mim. Bruna Pinto.
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