Abstinência
Eu
tenho abstinência dos traços que contornam a tua caligrafia.
Eu
tenho abstinência dos banhos de chuvas disfarçados de bênçãos, ou das espumas
que entoavam o teu corpo debaixo do chuveiro.
Eu
tenho abstinência dos teus beijos de outono, no mês de novembro.
Eu
tenho abstinência da tua essência.
Inalar
a tua pretensão era a maior vaidade em mim.
Eu
tenho abstinência da estampa da tua pele.
Eu
tenho abstinência do teu sorriso; a tua melhor marquinha de nascença.
Eu
tenho abstinência das cocegas das pontas dos teus dedos revelando qualquer
emoção em mim. Era o meu melhor disfarce.
Eu
tenho abstinência da tua doce inquietude.
Eu
tenho abstinência do teu coração frágil como de um passarinho.
Eu
tenho abstinência de todo festim e embaraços de sorrisos.
Mas,
a maior abstinência que eu tenho, é a felicidade que ria em mim.
Bruna Pinto.
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